Por que o número de empresas com ações na B3 é o menor em 4 anos — e o que isso diz sobre nossa “cultura de bolsa”
O total de companhias com ações negociadas na B3 voltou ao nível de 2021. As notícias recentes apontam cerca de 358 empresas no mercado à vista, depois de uma sequência de saídas da bolsa (as chamadas delistings, isto é, fechamento de capital) e uma seca de aberturas (IPOs — initial public offerings, ofertas públicas iniciais de ações) desde 2021. Casos emblemáticos — como o anúncio da Gol de fechar o capital em 2025 — reforçam a tendência.
1) O que está puxando a queda
Menos estreias, mais saídas. Depois do boom de 2020–2021, a janela para IPOs (ofertas públicas iniciais) praticamente fechou. Sem novas aberturas e com mais companhias realizando delistings (fechamento de capital) ou fusões, o número líquido de listadas cai.
Financiamento migrou para dívida. As empresas brasileiras continuaram captando muito, mas por debêntures e outros títulos de crédito — e não por emissão de ações (equity, isto é, capital próprio). Os boletins do mercado mostram 2024 forte e 2025 no mesmo ritmo, com predominância de dívida. Quando a dívida é abundante e barata o suficiente, diminui a pressão para abrir capital e muitas companhias permanecem fechadas por mais tempo.
Custo e complexidade de ser aberto. Regras de transparência (disclosure, isto é, divulgação obrigatória de informações), auditoria e governança são essenciais, mas pesam mais nas empresas menores. A CVM criou o Regime FÁCIL para baratear e simplificar o acesso de companhias de menor porte, mas os efeitos são graduais e serão sentidos ao longo de 2026.
2) O fator cultural: Brasil x Estados Unidos
Nos Estados Unidos, investir em ações faz parte do cotidiano: planos de aposentadoria 401(k) (planos de previdência patrocinados por empregadores), fundos mútuos (mutual funds, fundos de investimento tradicionais) e ETFs (exchange-traded funds, fundos que replicam índices e são negociados em bolsa) alimentam uma base de investidores ampla e recorrente. Em 2025, cerca de 62% dos adultos americanos declaram possuir ações — o que sustenta liquidez, ampla cobertura de analistas e um canal contínuo (pipeline) do investimento de risco inicial (venture capital, capital de risco) até o mercado público.
No Brasil, apesar do avanço das pessoas físicas, a poupança das famílias ainda prefere renda fixa e crédito estruturado, especialmente com juros historicamente elevados — e o próprio mercado de capitais reflete isso na liderança das emissões de dívida. O resultado é uma cultura menos acionária, que reduz a demanda por IPOs (aberturas) e anda de mãos dadas com a decisão de muitas empresas de permanecer fechadas.
3) E agora? O que pode reabrir a janela
- Juros e prêmio de risco. Com a normalização dos juros e menor aversão a risco, o equity (capital próprio via ações) volta a competir com a dívida e as aberturas podem reaquecer.
- Regulação pró-acesso. O Regime FÁCIL tende a reduzir custos e burocracia para empresas menores — passo importante para cultivar uma “cultura de bolsa” onde ela é mais difícil.
- Governança e comunicação. Companhias que ampliam free float (parcela de ações em circulação, fora das mãos do controlador), melhoram disclosure (divulgação estruturada de resultados e fatos relevantes) e constroem uma narrativa de valor consistente tendem a atrair base de investidores e melhorar a liquidez — condição-chave para pensar em abertura. Boas práticas de segmentos como o Novo Mercado seguem referência.
4) Onde a SD entra nessa conversa
A Societário Digital (SD) foi desenhada sob medida para companhias fechadas, justamente porque reconhece o viés cultural brasileiro de financiar-se por dívida e postergar IPO. Em vez de esperar a listagem para “arrumar a casa”, a SD antecipa a governança:
- Livros societários digitais e auditáveis;
- Ata e lista de presença com coleta de assinaturas simplificada;
- Quadro societário vivo, sempre espelhando os lançamentos oficiais no Livro de Registro de Ações;
- Organogramas societário e organizacional.
E, para quem já emite dívida, a SD oferece o Livro de Registro de Debêntures, garantindo rastreabilidade e conformidade. Esse “padrão de companhia aberta” aplicado antes do IPO encurta diligências e preserva opcionalidade: a empresa pode ficar fechada com governança de primeira — ou abrir capital quando a janela voltar, já pronta.
Conclusão
O menor número de listadas em 4 anos é a soma de macroeconomia, preferência por dívida, fechamentos de capital e uma cultura doméstica pouco acionária. A resposta prática, do lado das empresas, é profissionalizar a governança agora — mesmo sem IPO à vista. Com livros digitais auditáveis, quadro societário vivo e sempre atualizado e Livro de Registro de Debêntures, a SD ajuda a manter acesso a capital hoje e a deixar a porta do equity aberta para amanhã.
Referências (fontes seguras)
- VEJA (17.out.2025) — “Número de empresas listadas na B3 caiu de 398 (2022) para 358 (2025), nível de 2021.” VEJA
- Reuters (13.out.2025) — “Gol planeja fechar capital como parte de reestruturação; delisting na B3.” Reuters+1
- ANBIMA (2024–2025) — Boletins do mercado de capitais e de debêntures: captações elevadas e predominância de dívida. ANBIMA Data+2ANBIMA+2
- CVM (03.jul.2025) — “CVM cria Regime FÁCIL para companhias de menor porte” (início previsto em 2026). Serviços e Informações do Brasil
- ANBIMA/International (12.ago.2025) — “Brazil launches streamlined regime to bring SMEs to capital markets” (síntese do FÁCIL em inglês). Anbima Internacional
- Gallup (05.mai.2025) — “62% dos adultos nos EUA possuem ações (direta ou indiretamente).” Gallup.com
FAQ — Perguntas frequentes
IPO (initial public offering) é a primeira oferta de ações de uma empresa ao público. A “janela” fecha quando o investidor pede retorno maior (juros/prêmio de risco altos) e as empresas preferem esperar; sem demanda, as ofertas não saem. Isso explica a seca de aberturas desde 2021, citada por veículos econômicos e dados de mercado. VEJA
É quando a empresa deixa de ter ações negociadas em bolsa. Em geral, ocorre por OPA (oferta para comprar as ações dos minoritários) e pode acompanhar fusões, reestruturações ou mudanças estratégicas — como no anúncio da Gol em 2025. Reuters+1
Porque o mercado local de dívida (debêntures, CRI/CRA etc.) ficou muito ativo e com boa demanda. As empresas conseguem se financiar sem abrir capital, mantendo controle e disclosure menor. Boletins da ANBIMA mostram volumes elevados em 2024–2025. ANBIMA Data+2ANBIMA+2
É um conjunto de dispensas e simplificações para companhias de menor porte (faturamento bruto < R$ 500 milhões), com início previsto para 2026. A ideia é reduzir custo/burocracia e incentivar o acesso ao mercado — um passo para reconstruir a “cultura de bolsa”. Serviços e Informações do Brasil+1
Nos EUA, a poupança de longo prazo é fortemente canalizada para ações via 401(k) (planos de aposentadoria patrocinados por empregadores), fundos mútuos (mutual funds) e ETFs (exchange-traded funds). 62% dos adultos afirmam possuir ações em 2025, o que sustenta liquidez e novas ofertas. No Brasil, famílias ainda preferem renda fixa e crédito, refletindo-se em menos demanda por IPOs. Gallup.com+1
A Societário Digital foi construída para companhias fechadas: mantém livros societários digitais, quadro societário vivo sempre espelhando o Livro de Registro de Ações, assinaturas simplificadas em listas/atas e oferece o Livro de Registro de Debêntures. Com isso, a empresa fica pronta para auditorias, bancos, fiduciários e, se a janela reabrir, para um futuro IPO — sem começar do zero.



